Eu nem tinha escolhido direito o que
iria estudar quando eu conheci uma repórter lá na minha cidade Goiana. Ela
estava cobrindo um fato de repercussão (que agora eu não me lembro...), era
alguma coisa envolvendo um bairro ‘famoso’ chamado Baldo do Rio.
Fiquei ‘toda besta’ quando apresentaram
ela como repórter da TV Tribuna e lembro-me, como se fosse hoje, quando o amigo
que nos apresentou na lanchonete disse: “Essa repórter é desenrolada toda.
Gente boa é ela!” Fiquei com aquilo na cabeça e um tempo depois tive a
oportunidade de encontrá-la e ter a certeza que ela era realmente tudo aquilo
que diziam. Através dela tive a oportunidade de conhecer, pela primeira vez,
uma emissora de TV. Quase cai pra trás quando entrei num lugar tão grandioso
para mim (lembram de onde eu vim né? Da usina... tal.. lembram da história né? rsrs)
Pois bem, anos depois eu me formei e
hoje trabalho também numa emissora de TV e sou apaixonada pela minha profissão,
como ela é. Já encontrei com essa pessoa várias vezes, já conversei, já acertei
pautas, entrevistados, perguntas, emails... Agora tive o privilégio de fazer uma
entrevista com ela para o meu blog. Quanta honra!!! Ela é uma das jornalistas que
admiro demais no meu Estado e não tenho vergonha de dizer que me espelho no seu
profissionalismo, dedicação e paixão pela profissão.
Aos queridos (as) que estão
começando na profissão, é sempre bom conhecer mais daqueles que ajudam a formar o jornalismo de hoje. Apresento para vocês a querida ISLY VIANA.
Blog da Elida Régis: Quando e como
surgiu seu interesse pelo jornalismo?
Isly Viana: Sempre fui apaixonada por
TV. Talvez daí tenha surgido à paixão pelo jornalismo, pois sempre quis
trabalhar em TV. Ao entrar neste mercado, percebi o quanto era interessante
transitar tanto pelos lugares mais sofisticados quanto pelas casas mais
humildes. Percebi que o meu trabalho poderia ajudar muita gente a reivindicar
seus direitos ou simplesmente pedir ajuda em casos de dificuldade. É uma grande
responsabilidade poder ser a voz dos que não tem como pedir socorro. De quem
não é ouvido pelas autoridades. De quem sofre com a falta de assistência e
atenção. Tento sempre colocar a minha profissão à disposição dos que mais
precisam e tratar de assuntos que possam ajudar a esclarecer os direitos da
população.
Blog da Elida Régis: O que você acha do jornalismo
sensacionalista?
Isly Viana: Nunca me atraiu. Acho uma
irresponsabilidade utilizar o jornalismo simplesmente para buscar a audiência.
Infelizmente muitos programas no Brasil inteiro fazem isso. Não é porque tem
cunho policial que tem que ser apelativos, mas pra muitos profissionais, é
difícil encontrar o equilíbrio.
Blog da Elida Régis: Qual a sua motivação para acordar cedo
todos os dias e preparar um telejornal para as pessoas?
Isly Viana: Acho que respondi um pouco lá em
cima. Acordo todos os dias às 4h da manhã para, a partir das 5h, começar a
trabalhar. Mas o meu expediente é permanente. Durmo e acordo pensando nas
notícias, em como fazer um programa agradável e útil. Quem assiste o PE no Ar
sempre vai ser beneficiado por alguma informação que lhe sirva. Seja sobre o
trânsito nas proximidades de onde mora, seja sobe uma vaga de emprego que está
procurando ou conhece alguém que esteja, ou sobre um problema que acontece na
mesma comunidade onde o telespectador mora. Gostamos de fazer com que as
pessoas se vejam na TV, pois isso causa uma identificação com o programa. O
melhor retorno disso, pra mim, é quando alguém me encontra na rua e diz que eu
dou a notícia como se estivesse sentada na sala da casa da família. Isso pra
mim não tem preço. É o reconhecimento de que fazemos um jornalismo realmente
próximo da população.
Blog da Elida Régis: Qual o fato que você queria noticiar?
Isly Viana: O fim da corrupção comprovado em
fatos, dados e números.
Blog da Elida Régis: Você poderia resumir e nos contar sobre
a sua carreira? Lembra como foi à primeira entrevista?
Isly Viana: Para ter minha primeira experiência
profissional, abandonei um emprego, onde já tinha inclusive sido promovida,
para estagiar de graça numa produtora que fazia um programa de futebol. Só que
o desafio foi muito maior do que eu pensava, pois, além de não ter experiência
em TV, também não entendia nada de futebol. Imaginem quantos micos eu paguei???
Mas, foi uma experiência e tanto. O futebol me ensinou o quanto é possível
criar e inovar ao se falar de esportes. Gostei muito e ainda hoje tenho muito
carinho pelas notícias esportivas. De lá até se formar, estagiei em seis
veículos de comunicação, sendo 4 ao mesmo tempo (não me pergunte como!).
Ao me formar, fui morar no interior de São Paulo, onde trabalhei na TV
Vanguarda, afiliada da Rede Globo. Na volta para o Recife, logo voltei para a
TV Tribuna, onde passei seis anos, e agora estou na TV Clube há dois.
Blog da Elida Régis: Como é o desafio de fazer o PE no AR?
Isly Viana: É o maior telejornal local de
Pernambuco. Tem todos os dias uma hora de duração. Nosso foco é o serviço. É
fazer um jornal verdadeiramente útil. Sua principal vantagem é que ele está no
ar enquanto as coisas estão acontecendo, então, tentamos trazer sempre notícias
ao vivo, enviando nossos repórteres ao local. Por ser um telejornal matinal,
ele também nos permite usar uma linguagem mais leve, mais coloquial, o que faz
com que nossos telespectadores tenham o hábito de nos assistir. Tenho a
liberdade de comentar e emitir minha opinião, o que nos fortalece diante do
público. Além disso, temos espaço suficiente para dar todo tipo de notícias. Ou
seja. É, sem dúvida, o jornal mais versátil da TV pernambucana
atualmente.
Blog da Elida Régis: Na área de assessoria: como você se
porta, enquanto apresentadora, ao noticiar algo sobre seus assessorados?
Isly Viana: Isso raramente acontece, mas, quando
ocorre, trato a notícia da mesma maneira como qualquer outra. Prezando pela
ética e imparcialidade.
Blog da Elida Régis: Como é ser empreendedor na área de
comunicação?
Isly Viana: É ao mesmo tempo prazeroso e
trabalhoso. É preciso muita dedicação e criatividade para manter o cliente na
imprensa. Ao mesmo tempo, é preciso fazer isso com responsabilidade, para não
expor o cliente. O mercado de assessoria de imprensa é muito amplo aqui em
Pernambuco e tem oferecido espaço para quem se dedica. No entanto, é preciso
buscá-lo com empenho.
Blog da Elida Régis: Como conciliar a família com a TV e a
empresa Lumi?
Isly Viana: Esse talvez seja meu maior desafio
hoje. Minha prioridade é a minha família. Um verdadeiro presente de Deus. A
partir disso programo todo o restante da minha vida. O meu trabalho me dá muito
prazer, mas evito fazer com que ele me tome mais tempo do que deveria.
Blog da Elida Régis: Na sua opinião, o precisa mudar
no jornalismo local?
Isly Viana: O jornalismo local precisa ser mais
útil, para que as pessoas possam usufruir da notícia, e não apenas recebê-la. É
um fator que muitos jornalistas ainda têm preconceito, pois querem falar de
assuntos intelectuais ou pouco acessíveis, como a economia ou a literatura. A
TV aberta hoje é consumida prioritariamente pelas classes C, D e E, que é um
público que tem um forte poder aquisitivo nas mãos, devido à facilidade de
crédito, mas também, pouca instrução, e justamente por isso, precisam de
orientações e encaminhamento dos seus direitos. A TV pode e deve cumprir
esse papel, mas fazendo com que as pessoas se identifiquem com a notícia, se
vejam na TV.
Blog da Elida Régis: Qual a principal diferença entre
apresentar um jornal de bancada para um programa jornalístico?
Isly Viana: O telejornal de bancada é mais sério,
fechado, travado... até mesmo pela própria bancada, que não permite movimentos
e improvisos. Um programa como o PE no Ar, só por ser apresentado em pé, já
permite uma leveza maior. Além disso, o conceito do programa foi concebido para
dar liberdade ao apresentador de conduzir a notícia de uma forma individual,
com identidade própria. É isso o que tento fazer no ar. Como também sou a
editora-chefe do programa, conheço cada assunto veiculado, o que me deixa
confortável para mexer na ordem e foco das reportagens, além de
comentá-las.
Blog da Elida Régis: Quais os imprevistos do ao vivo? Como
lidar com os erros?
Isly Viana: Pra mim, o pior deles, é quando a
garganta fica seca. Tenho que fazer mil "malabarismos" para evitar
que a voz suma. Às vezes não tem jeito. Outra coisa que já me aconteceu foi ter
que lidar com uma mosca "exibida" que sempre insiste em aparecer no
estúdio. Fora isso, qualquer outra falha pode ser facilmente concertada num
tipo de programa como o PE no Ar, que me permite falar à vontade sobre tudo.
Blog da Elida Régis: Que conselho você pode passar para quem
deseja começar na profissão?
Isly Viana: É uma profissão ingrata, pois o mercado não paga bem e oferece poucas oportunidades.
Mas, quem consegue se estabilizar tem oportunidades incríveis de presenciar a
história acontecer e poder escrevê-la. De fato, é uma profissão apaixonante.
Aliás, só a vocação e a paixão são capazes de formar um bom jornalista aqui no
Estado. Sem isso, a luta se torna insuportavelmente árdua. Definitivamente, não
é pra qualquer um.
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E aí gostaram de saber mais sobre a Isly Viana? O que acharam?
Se liga aí que sempre vai ter muita coisa bacana para vocês aqui no blog!
Isly, obrigada por compartilhar aqui a sua experiência. Sucesso sempre!
Até a próxima pessoas!
Abraços,
Élida Régis
PS. Esta postagem teve a colaboração de Gedson Pontes
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